
BRASÍLIA – O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , disse, na tarde desta segunda-feira, que a retaliação do governo dos Estados Unidos de elevar tarifas sobre aço e alumínio brasileiros “não preocupa” e não atrapalha na construção de uma aproximação com aquele país. O chanceler disse ainda que o presidente Jair Bolsonaro “por enquanto” não ligará para o presidente americano Donald Trump numa tentativa de reverter a medida.
Pela manhã, Trump acusou o Brasil e a Argentina de desvalorizarem em demasia suas moedas e anunciou, via Twitter, a retomada de tarifas ao aço e ao alumínio dos dois países sul-americanos. De acordo com o presidente americano, a medida tem efeito imediato.
– Essa medida não nos preocupa e não nos tira do trilho de uma relação mais profunda, não – disse o chanceler.
A resposta foi dada por Araújo ao ser questionado sobre as críticas de que, em busca de uma aproximação com os Estados Unidos, o Brasil tem entregue muito, mas recebendo pouca contrapartida. O anúncio da tarifas para o aço e alumínio brasileiro é mais um revés na relação com os EUA, que mantiveram veto à carne bovina brasileira e não apoiaram a entrada do Brasil na OCDE , após terem se manifestado publicamente a favor do ingresso do país na organização.
– É uma relação muito dinâmica, existem várias coisas que nós já conseguimos, que não tínhamos conseguido antes. Acabou de ser aprovado o acordo de salvaguardas tecnológicas, que nós queríamos há 20 anos e não tínhamos conseguido, justamente por um posição americana favorável finalmente conseguimos. É um balanço dinâmico, comércio, nos outros setores – justificou.
O ministro disse que soube da medida do governo americano apenas pelo Twitter. Segundo ele, técnicos em Washington estão buscando conversar com os Estados Unidos. Araújo também descartou uma retaliação brasileira.
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– Vamos conversar, vamos entender a medida com toda a tranquilidade. Não estamos, de forma nenhuma, apurados com isso. Vamos avaliar o impacto, avaliar exatamente que tipo de medidas os Estados Unidos estão pensando – disse.
Mais cedo o presidente Bolsonaro disse que, conversaria o ministro da Economia, Paulo Guedes, e “se necessário” ligaria para Trump com que, segundo ele, tem um “canal aberto.” Nesta tarde, Araújo, ao ser questionado se Bolsonaro ligaria para o presidente americano, respondeu que não.